A doença celíaca é uma doença autoimune, uma reação exagerada do sistema imunológico ao glúten, proteína encontrada em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e o malte. É um distúrbio hereditário que normalmente afeta pessoas de ascendência norte-europeia.

Na doença celíaca, o glúten estimula a produção de certos anticorpos pelo sistema imunológico que danificam o revestimento do intestino delgado, resultando em achatamento das vilosidades (pequenas projeções ao longo do revestimento do intestino delgado que absorvem nutrientes).

Este achatamento resulta em uma superfície lisa que provoca a má absorção de nutrientes. Contudo, a superfície ciliada normal do intestino delgado e sua função são restabelecidas quando a pessoa deixa de comer alimentos que contêm glúten.

doença celíaca vilosidades
O achatamento das vilosidades provoca a má absorção de nutrientes.

Algumas pessoas desenvolvem sintomas de doença celíaca na infância. Outras não desenvolvem até a idade adulta. A gravidade destes depende de quanto o intestino delgado for afetado.

O espectro celíaco

A sensibilidade ao glúten e caseína “não-celíaca” é uma reação adversa à proteína em pessoas que não são diagnosticadas como portadoras da doença celíaca e pode revelar os mesmos sintomas, mas não segue a mesma natureza.

Várias doenças estão relacionadas ao consumo do glúten e caseína. Os mais comuns são a alergia ao trigo e leite, ou seja, uma sensibilidade aumentada a essas proteínas de difícil digestão.

Simplificando, pessoas com sensibilidade ao glúten ou caseína experimentam sintomas depois de ingerir a proteína e respondem positivamente a uma dieta sem estas proteínas, depois que a doença celíaca, ou alergia, foram descartadas como causa.

Essas pessoas geralmente não apresentam nenhuma alteração no revestimento intestinal ou anticorpos contra os próprios tecidos do corpo, que são algumas das principais características da doença celíaca.

O teste confiável para a conclusão do diagnóstico da doença celíaca é a biópsia intestinal. Infelizmente, pacientes não-celíacos terão todos os exames negativos, inclusive a biopsia intestinal, embora continuem a apresentar os mesmos sintomas. A melhor alternativa é eliminar o agente agressor e observar os sintomas.

A solução mais eficaz para combater a sensibilidade ou intolerância ao glúten e caseína ainda é a mesma: uma dieta adequada para evitar os sintomas.

Doença celíaca: Sintomas

Os sintomas, em geral, aparecem entre os seis meses e dois anos e meio de vida. No entanto, isso não é regra. Portadores da doença podem manifestá-los apenas na fase adulta.

Adultos

Os adultos podem apresentar sintomas digestivos ou outros sintomas. Muitos adultos não apresentam qualquer sintoma digestivo. A maioria dos adultos afetados pela doença celíaca apresentam fraqueza e perda de apetite. É comum ocorrer diarreia, geralmente com fezes de aparência oleosa ou gordurosa.

Algumas pessoas ficam subnutridas, apresentam perda de peso leve e anemia, ou feridas orais e língua inflamada. A pessoa frequentemente apresenta adelgaçamento dos ossos (osteoporose ou osteopenia).

Aproximadamente 10% das pessoas com doença celíaca desenvolvem erupções cutâneas doloridas com prurido e pequenas bolhas, um quadro clínico chamado dermatite herpetiforme. Homens e mulheres podem apresentar problemas de fertilidade.

Doença celíaca em crianças

Em crianças, os sintomas podem começar em bebês ou na primeira infância, depois que são introduzidos cereais (a maioria dos cereais contêm glúten). Algumas crianças apresentam apenas leve desconforto estomacal, enquanto outras apresentam distensão abdominal dolorida e fezes de cor clara, volumosas e excepcionalmente fétidas (esteatorreia). As crianças normalmente não crescem na velocidade normal parecem fracas, pálidas e apáticas.

As deficiências nutricionais resultantes da má absorção na doença celíaca podem causar sintomas adicionais, que tendem a ser mais proeminentes em crianças. Certas crianças desenvolvem anormalidades de crescimento, como baixa estatura.

A anemia (redução nas contagens sanguíneas), que causa cansaço e fraqueza, surge em decorrência da deficiência de ferro. Os baixos níveis de proteínas no sangue podem levar à retenção de líquidos e inchaço dos tecidos (edema). A má absorção de vitamina B12 pode levar a lesões nervosas, provocando uma sensação de formigamento nos braços e nas pernas.

A absorção deficiente de cálcio provoca crescimento anormal dos ossos, alto risco de fraturas e dor nos ossos e nas articulações. A falta de cálcio também pode causar descoloração dos dentes e maior suscetibilidade a cáries doloridas.

Mulheres mais jovens com doença celíaca podem não ter períodos menstruais devido a uma baixa produção de hormônios, como estrogênio.

Sintomas mais comuns na doença celíaca:

  • Diarreia ou prisão de ventre crônica;
  • Dor abdominal;
  • Inchaço na barriga;
  • Danos na parede intestinal;
  • Falta de apetite;
  • Má absorção de nutrientes;
  • Osteoporose;
  • Anemia;
  • Perda de peso ou desnutrição;
  • Dores de cabeça;
  • Dores nas articulações;
  • Refluxo ácido.

O diagnóstico é feito por exame clínico com médico especialista, que vai analisar os sintomas. Biópsia do intestino, por meio de endoscopia, exames de sangue e/ou dieta restritiva sem glúten também podem ser requeridos pelo médico.

Para ajudar a confirmar o diagnóstico de doença celíaca, o médico retira uma amostra do tecido do revestimento do intestino delgado da pessoa e a examina sob o microscópio (biópsia).

O diagnóstico é confirmado se a biópsia mostrar que as vilosidades intestinais estão achatadas e se o intestino delgado melhorar depois que a pessoa parar de ingerir alimentos contendo glúten.

É possível ser realizado um exame de sangue que mostra se a pessoa tem determinados genes, porque as pessoas sem esses genes têm uma probabilidade mínima de ter doença celíaca. Contudo, um resultado positivo nesse exame não confirma a presença da doença celíaca porque muitas pessoas que não têm a doença célica têm esses genes.

Depois de estabelecido o diagnóstico, o médico faz exames de sangue para identificar deficiências de determinadas vitaminas (por exemplo, ácido fólico) e minerais (por exemplo, ferro e cálcio).

A doença celíaca aumenta o risco de certos cânceres do trato digestivo. O tipo de câncer mais comum é o linfoma do intestino delgado. Tais linfomas afetam cerca de 6% a 8% das pessoas que tiveram doença celíaca por muito tempo (normalmente por mais de 20 a 40 anos).

O celíaco também corre um risco maior de desenvolver outros tipos de câncer do trato digestivo. Seguir estritamente uma dieta sem glúten reduz significativamente o risco de câncer.

Doença celíaca e contaminação cruzada

A contaminação cruzada ocorre quando há transferência direta ou indireta de contaminantes físicos, químicos ou biológicos de um alimento, utensílio, vetor ou manipulador para alimentos que serão consumidos.

Pode ocorrer nas diferentes etapas do processo de produção do alimento: pré-preparo, tratamento, armazenamento, transporte, serviço.

  • Celíacos só podem ingerir alimentos feitos em cozinhas descontaminadas;
  • É obrigatório por lei federal (Lei nº 10.674, de 16/05/2003) que todos os alimentos industrializados informem em seus rótulos a presença ou não de glúten para resguardar o direito à saúde dos portadores de doença celíaca.

Doença celíaca: Tratamento

A pessoa com doença celíaca precisa eliminar totalmente o glúten de sua dieta, pois mesmo pequenas quantidades podem provocar sintomas. A resposta a uma dieta sem glúten normalmente é rápida, e os sintomas desaparecem em uma a duas semanas.

Assim que a pessoa passa a evitar glúten, a superfície ciliada do intestino delgado e sua função absorvente voltam ao normal. O glúten é utilizado de forma tão generalizada em produtos alimentícios que a pessoa com doença celíaca precisa de listas detalhadas de todos os alimentos que deve evitar, bem como de aconselhamento nutricional.

O glúten está presente, por exemplo, em molhos, sopas, sorvetes e salsichas, industrializados.

É parte do tratamento:

Substituir o glúten em um plano alimentar saudável pode ser mais fácil do que se imagina, para os celíacos, pessoas intolerantes ou alérgicos à substância, sobram alternativas deliciosas que ajudam a tornar a vida mais leve e natural.

Para quem sofre com a alergia, é necessário estar atento às necessidades do organismo e suprir os nutrientes necessários, por isso, um acompanhamento com um nutricionista é altamente importante para o bem-estar.

Dietas como low carb, carnívora e bicho e planta são muito valiosas para quem vive dia a dia com a doença celíaca, junto ao nutricionista será traçada uma estratégia que se adeque melhor as suas individualidades, preferências e grau dos sintomas relacionados a doença.