As informações sobre a dieta carnívora e seus benefícios poderosos são relativamente novos para o público em geral.

No entanto, os praticantes da dieta carnívora sabem que de fato trata-se de um plano de alimentação antigo. Diversas pesquisas recentes apontam que o hipercarnivorismo era a forma como os humanos comiam por quase 2 milhões de anos!

Mas será que voltar a uma alimentação pré-histórica traz benefícios à sua saúde? Vamos dar uma olhada mais de perto na dieta carnívora, antes de conhecer 8 dos benefícios mais poderosos.

O que é a dieta carnívora?

A dieta carnívora considera uma alimentação 100% baseada em nutrientes de origem animal. Não há frutas, legumes, grãos, nozes ou sementes.

Origem da dieta carnívora

A teoria mais aceita por trás desta dieta é a seguinte: há mais de 10.000 anos, antes da revolução agrícola, os alimentos vegetais eram escassos e sazonais, enquanto a caça era difícil e nem sempre bem-sucedida.

Portanto, nós humanos (tecnicamente onívoros – podemos digerir plantas e animais), tivemos que nos especializar em colher e caçar os alimentos mais ricos em nutrientes que pudéssemos. Em outras palavras, precisávamos de um grande retorno calórico em nosso investimento em energia. Este retorno energético, sempre que disponível, vinha da carne.

Portanto somos conhecidos como carnívoros facultativos, especializados em obter alimentos do nível trófico mais alto. Efetivamente nós evoluímos como predadores comedores de carne.

Mas a história da carnivoria humana remonta ainda mais ao Pleistoceno, cerca de 2.5 milhões a 11.700 anos atrás. Durante esse vasto período, muitos outros animais grandes, como mastodontes e mamutes, vagavam pela terra.

Com essa abundância de presas grandes, alguns pesquisadores sugerem e oferecem evidências convincentes de que simplesmente não nos concentraríamos em comer mais nada.

Tomando essas perspectivas, podemos ver a carnivoria humana (ou onivoria especializada) como resultado de duas forças evolutivas:

  1. a abundância de grandes animais durante a maior parte dos 2 milhões de anos de evolução pré-humana e humana.
  2. a escassez de fontes de alimentos ricos em nutrientes nos cerca de 100.000 anos que antecederam a revolução agrícola.

Então, agora que sabemos o que é a dieta carnívora e de onde ela veio, vamos explorar os benefícios que ela pode promover na sua saúde.

Um breve resumo sobre os benefícios da dieta carnívora

Embora pré-histórica, ainda não há um número grande de pesquisas clínicas analisando especificamente como a dieta carnívora afeta nossa saúde.

A observação, as evidências e o acompanhamento de milhares de praticantes da dieta carnívora, somados ao que sabemos às dietas de alto índice de proteína (dieta cetogênica / dieta bicho e planta), sugere que, se feita corretamente, pode oferecer vários benefícios poderosos, incluindo:

Esses benefícios estão ligados ao impacto à retomada de uma alimentação alinhada com a forma que o nosso metabolismo evoluiu ao longo das eras. Além disso, ao mesmo tempo:

  • removemos alimentos processados ​​embalados com aditivos inflamatórios como gomas, corantes, conservantes, gorduras trans.
  • eliminamos também grãos, legumes, amidos que contêm muitas toxinas vegetais e antinutrientes.
  • reduzimos o excesso de fibra que realmente causa constipação e problemas intestinais, como diverticulite
  • ocorre a remoção dos ácidos graxos poliinsaturados inflamatórios dos óleos de sementes e a substituição por gorduras monoinsaturadas e saturadas saudáveis
  • aumentamos a ingestão de superalimentos, densos em nutrientes, como fígado, ovas de peixe e outras carnes de órgãos.

Antes de nos aprofundar em cada um dos benefícios da dieta carnívora, vamos dar uma olhada mais a fundo nas origens da dieta carnívora. Saber de onde veio pode ajudá-lo a entender como ela pode te ajudar.

1 – Emagrecimento

A dieta carnívora é uma maneira eficaz de emagrecimento. Os fatores de perda de peso da dieta carnívora incluem:

Aumento da saciedade: as calorias que você obtém de proteínas e gorduras levam mais tempo para o seu corpo se decompor. Isso deixa você mais cheio por mais tempo, reduzindo a vontade de comer. Já na ingestão carboidratos ocorre o oposto: não sacia e aumenta os hormônios da fome.

Oscilações hormonais reduzidas: quando seu corpo depende de carboidratos, você experimenta picos e quedas perpétuos nos níveis de açúcar no sangue e insulina. Os picos de insulina levam a desequilíbrios na leptina, grelina e HGH, todos os hormônios associados à fome, armazenamento de gordura e perda de peso.

Aumento do metabolismo da gordura corporal: ao comer muitas gorduras animais enquanto corta carboidratos, você entrará em cetose, o estado metabólico em que seu corpo usa a gordura que você come e a gordura armazenada em seu corpo como combustível.

E mesmo que você não esteja em constante estado de cetose, seu corpo fica preparado para usar gordura como combustível.

2 – Maior sensibilidade à insulina

Uma alimentação à base de carnes elimina a causa raiz da resistência à insulina – a ingestão de carboidratos.

É importante enfatizar, porém, que o aumento da sensibilidade à insulina ocorre apenas durante o período de perda de peso. A longo prazo, uma dieta carnívora zero carboidrato pode aumentar a resistência “fisiológica” à insulina.

É assim que funciona: quando você come muitos carboidratos, a maior parte deles entra na corrente sanguínea como glicose. Seu corpo secreta o hormônio insulina, responsável por mover a glicose da corrente sanguínea para as células, onde é usada como energia ou armazenada como gordura.

Quando você se alimenta em uma dieta brasileira padrão, carregada de carboidratos e açúcar, seus níveis de insulina estão constantemente altos.

A resistência à insulina ocorre quando, eventualmente, suas células param de responder à insulina e o açúcar no sangue permanece cronicamente alto. Isso pode levar a uma série de problemas de saúde decorrentes de desequilíbrios hormonais e inflamação crônica.

Numerosos estudos de perda de peso mostram que, quando os participantes estão perdendo peso, por meio de dietas low carb (baixas em carboidratos), como a dieta carnívora, podem melhorar a sensibilidade à insulina:

  • Um estudo que analisou mulheres com excesso de peso mostrou que uma dieta com menos de 10% de calorias provenientes de carboidratos melhorou a sensibilidade à insulina.
  • Outro estudo que analisou mulheres obesas e resistentes à insulina mostrou que dietas com alto teor de gordura e baixo teor de carboidratos reduziram a resistência à insulina.
  • Um estudo de 2007 com crianças obesas mostrou que uma dieta muito baixa em carboidratos reduziu a resistência à insulina junto com o peso corporal e a gordura corporal.

No entanto, quando não está na fase de perda de peso de uma dieta, obter 10% ou menos de suas calorias de carboidratos pode causar resistência fisiológica à insulina. Essa adaptação às dietas low/zero-carb ocorre porque cerca de 20% de suas células cerebrais ainda precisam de glicose.

Quando você se adapta a comer uma dieta sem carboidratos, o corpo aprende a antecipar que nenhum carboidrato está chegando. É quando ocorre a resistência fisiológica à insulina para evitar que seus músculos usem um pouco de glicose no sangue. Essa glicose é priorizada para o seu cérebro, que mantém sua sensibilidade à insulina.

A resistência fisiológica à insulina é uma adaptação necessária, segura e sustentável à alimentação com muito pouco carboidrato. Para aumentar a absorção de glicogênio pelos músculos (aumentar a sensibilidade à insulina) em uma dieta carnívora baixa em carboidratos, você pode simplesmente aumentar seus níveis de atividade com uma caminhada rápida, sessão de ioga, natação ou outra qualquer outra atividade de baixo impacto.

3 – Melhora da saúde intestinal

Quando se trata de sua saúde intestinal, existem dois fatores principais:

A integridade da parede do seu intestino: em um intestino saudável, esse revestimento é uma barreira apertada. Quando está comprometido, as moléculas podem “vazar” em sua corrente sanguínea.

Seu microbioma: o ecossistema de bilhões de microorganismos que decompõem os alimentos e levam em consideração vários neurotransmissores que influenciam seu humor e níveis de energia.

Uma dieta carnívora bem formulada é carregada com compostos saudáveis ​​para o intestino, como glutamina, colágeno e ácidos graxos ômega-3, que ajudam a fortalecer e reparar o revestimento intestinal.

Além disso, ao cortar os alimentos vegetais, você remove a fibra abrasiva e fermentável e as toxinas das plantas, como o glúten, que podem causar irritação, inflamação e crescimento excessivo de bactérias nocivas.

Um estudo de 2012 publicado no World Journal of Gastroenterology investigou como a redução de fibras afetou pessoas com constipação crônica. Ao contrário da crença nutricional padrão, o estudo descobriu que, por seis meses, os participantes que ingeriram muita fibra não relataram qualquer mudança em sua condição.

Já os participantes que cortaram completamente a fibra mostraram uma redução significativa nos gases, inchaço e esforço, aumentando a frequência de evacuações.

Em estudos mais recentes, descobriu-se que uma dieta baixa em carboidratos afeta positivamente a saúde intestinal. Ele mostrou que os efeitos resultaram de mudanças saudáveis ​​na microbiota intestinal que levaram à redução da inflamação. Os pesquisadores sugerem que uma dieta low carb pode ser usada como terapia para distúrbios autoimunes do intestino.

4 – Eliminação de toxinas e antinutrientes vegetais

As plantas, assim como os humanos, têm um objetivo principal, que é sobreviver e se reproduzir. Para atingir esse objetivo, eles desenvolveram um arsenal de produtos químicos, incluindo pesticidas naturais, quelantes minerais, antibióticos, juntamente com fitoestrogênios que interferem nos hormônios reprodutivos humanos.

Muitas dessas toxinas e antinutrientes vegetais estão ligados à inflamação, problemas intestinais, alergias, problemas de fertilidade e deficiências de vitaminas.

Por exemplo, o ácido fítico encontrado em muitos grãos e leguminosas pode impedir que você absorva nutrientes importantes, incluindo cálcio, zinco, magnésio, ferro e cobre, enquanto inibe as enzimas necessárias para a digestão.

Alimentos ricos em fitoestrogênios, como a soja, têm sido associados à diminuição da fertilidade em homens e mulheres. Pesquisadores teorizam que as plantas contêm essas substâncias que diminuem a fertilidade para reduzir a população de animais que, de outra forma, as comeriam.

Uma dieta carnívora bem formulada elimina completamente sua exposição a esses produtos químicos possivelmente nocivos, substituindo-os por superalimentos de origem animal ricos em nutrientes.

5 – Melhora da saúde do coração

Após décadas de desinformação por nutricionistas tradicionais, fica difícil de acreditar que uma dieta exclusivamente carnívora é benéfica para o coração. Como é possível?

A grande verdade é que os primeiros estudos datados da década de 1950 eram tendenciosos. Foram estudos observacionais de baixa qualidade que não controlavam adequadamente variáveis ​​como exercícios, tabagismo e outros fatores de estilo de vida que têm muito mais a ver com a saúde do coração do que a carne vermelha. Felizmente há estudos mais recentes e transparentes.

À luz de muitas das descobertas recentes, um artigo de 2020 publicado no prestigioso Journal of the American College of Cardiology, concluiu que:

“laticínios integrais, carnes não processadas, ovos e chocolate amargo são alimentos ricos em gorduras saturadas com uma matriz complexa que não está associado ao aumento do risco de doença cardiovascular. A totalidade das evidências disponíveis não apóia ainda mais a limitação da ingestão de tais alimentos”.

Saturated Fats and Health: A Reassessment and Proposal for Food-Based Recommendations: JACC State-of-the-Art Review

Ok, então se não machuca o coração, como uma dieta carnívora pode ajudar o músculo mais importante do corpo humano?

Embora não tenhamos estudos analisando especificamente os efeitos de uma dieta carnívora em marcadores de saúde do coração, podemos inferir de estudos que analisam uma dieta cetogênica (low carb).

Uma dieta carnívora bem formulada com uma proporção de gordura para proteína de 3-1 é essencialmente cetogênica.

Esses estudos geralmente descobrem que as dietas low carb aumentam o colesterol HDL saudável para o coração quando comparado às dietas padrão com alto teor de carboidratos.

Além disso, diminuI a concentração de partículas de LDL (LDL-P) e aumentar o tamanho das partículas de colesterol LDL, enquanto diminui o VLDL perigoso. Resumindo, aumenta o colesterol bom e reduz o colesterol ruim, trazendo ótimos benefícios para a saúde cardiovascular.

Você ainda pode obter um bônus adicional de vitamina K2 para o coração ao ingerir fígado bovino.

6 – Redução de inflamações

Assim como em outras dietas com baixo teor de carboidratos, um dos principais benefícios da dieta carnívora é seu potencial para reduzir significativamente os níveis de inflamação sistêmica. Esses benefícios se devem a fatores como:

  • remoção de toxinas irritantes de plantas
  • redução dos níveis de insulina
  • aumento da ingestão de ácidos graxos ômega-3 anti-inflamatórios
  • apoio à saúde intestinal, que desempenha um papel crucial na mitigação da inflamação


Inúmeros estudos prova que em dietas com pouco carboidrato (como a dieta carnívora) têm a capacidade de diminuir as inflamações.

Um estudo feito pela revista Metabolism comparou uma dieta rica em gordura e pobre em carboidratos com uma dieta pobre em gordura e rica em carboidratos.

O estudo revelou que, após 12 semanas, as pessoas que faziam dieta com alto teor de gordura apresentavam marcadores mais baixos de inflamação sistêmica. Os autores do estudo concluíram que comer com alto teor de gordura pode gerar mais benefícios para a saúde do coração.

7 – Aumento da testosterona e libido

A dieta e o estilo de vida ocidental padrão podem enviar sua testosterona e libido para índices pífios.

Muito açúcar e óleos vegetais, combinados com baixos níveis de atividade e gordura corporal extra, criam um ciclo vicioso que esgota a testosterona, diminuindo a força, a energia e a libido.

A testosterona e a libido são beneficiadas na dieta carnívora graças à abundância de nutrientes como colesterol, proteína, carnosina, carnitina, vitamina K e D encontrados em altos níveis na carne.

Todos esses compostos são essenciais para produzir e manter níveis saudáveis de testosterona.

8 – Maior clareza mental

A inflamação sistêmica afeta um sistema complexo de neurotransmissores que circulam do microbioma do intestino para o cérebro.

O nevoeiro cerebral resultante de uma alimentação ruim e a diminuição da capacidade cognitiva podem contribuir para a depressão, ansiedade e muitos outros fatores que prejudicam a saúde mental.

Uma dieta carnívora promove clareza mental, melhorando a saúde intestinal, eliminando alimentos inflamatórios como açúcar e óleos de sementes.

Além disso, uma dieta carnívora bem formulada, completa com carnes de órgãos, é carregada com nutrientes que estimulam o cérebro, como:

Tal como acontece na dieta bicho e planta, os efeitos de aumento do cérebro e a clareza mental de uma dieta carnívora podem se manifestar rapidamente. Mas para algumas pessoas, a adaptação à dieta carnívora pode causar um período temporário de confusão mental e baixa energia.

Felizmente, esses efeitos colaterais com baixo teor de carboidratos são temporários. E há passos fáceis que você pode tomar para reduzir o tempo e a gravidade, como beber mais água e adicionar mais sal à sua dieta.

Uma dieta carnívora também pode oferecer os mesmos efeitos neuroprotetores de uma dieta cetogênica padrão, protegendo contra doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Veja os benefícios da dieta carnívora neste vídeo da nutricionista Fabiane Silvério no Youtube

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