A Doença de Crohn é uma DII (doença inflamatória intestinal) caracterizada pela inflamação do revestimento do trato digestivo, que muitas vezes se espalha profundamente nos tecidos afetados.
Ela afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal.
Os sintomas podem variar de leve à grave, mas em geral, as pessoas com Doença de Crohn podem ter vida ativa e produtiva.
A Doença de Crohn é crônica e os medicamentos atualmente disponíveis reduzem a inflamação e habitualmente controlam os sintomas, mas não curam a doença. Como a doença de Crohn se comporta como a colite ulcerativa, há certa dificuldade em diferenciar uma da outra.
Fatores genéticos, ambientais, dietéticos ou infecciosos também podem estar envolvidos no desenvolvimento da enfermidade, que é provavelmente provocada por desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo.
Doença de Crohn: Sintomas
Os sintomas mais comuns da Doença de Crohn são:
- Dor abdominal associada à diarreia com sinais de muco e sangue;
- Febre;
- Perda de peso;
- Fraqueza pela falta de absorção de nutrientes.
Podem ocorrer, ainda, sintomas provocados por complicações à distância, como dores articulares, aftas, lesões de pele do tipo pioderma gangrenoso (ferida com a aparência de um vulcão) e do tipo eritema nodoso (nódulos dolorosos e avermelhados sob a pele), além de inflamação dos olhos (uveíte), pedras nos rins e na vesícula.
As complicações mais graves, porém, são obstrução intestinal e, em 30% dos casos, a presença de fissuras e fístulas, ou seja, de perfurações no intestino que podem drenar para a região perineal, para a vagina e para a bexiga.
Colangite esclerosante primária, nessa condição a inflamação causa cicatrizes nos ductos biliares, tornando-os estreitos e gradualmente causando danos ao fígado. Doenças inflamatórias de intestino também podem causar aumento de coágulos sanguíneos nas veias e artérias.
Diarreia, dor abdominal e cãibras podem dificultar a ingestão de alimentos ou o intestino para absorver nutrientes suficientes para mantê-lo nutrido. Também é comum desenvolver anemia devido ao baixo teor de ferro ou vitamina B12 causada pela doença.
Quando a Doença de Crohn surge na infância, é frequente a constatação da desnutrição, podendo provocar atraso no crescimento.
Doença de Crohn: Diagnóstico
O exame clínico e o levantamento da história do paciente, assim como alguns exames de sangue, são instrumentos importantes para o diagnóstico da Doença de Crohn.
No entanto, como a enfermidade pode comprometer todo o aparelho digestivo e desenvolver sintomas semelhantes aos de outras doenças gastrointestinais, é necessário localizar as áreas afetadas por meio de exames de imagem como endoscopia digestiva, colonoscopia, raios X do trânsito intestinal (enema opaco), tomografia e ressonância magnética, a fim de estabelecer o diagnóstico diferencial.
Doença de Crohn: Tratamento
O tratamento para a Doença de Crohn tem como finalidade restabelecer o bom funcionamento da resposta inflamatória e do sistema imunológico.
Combatendo a inflamação, além de reduzir os sintomas comuns da doença, é possível reduzir os riscos de maiores complicações.
Ele é instituído de acordo com a fase de evolução da doença, que pode ser classificada em leve, moderada e grave.
Basicamente, o tratamento se volta para conter o processo inflamatório, aliviar os sintomas, prevenir as recidivas e corrigir as deficiências nutricionais.
Doença de Crohn e a má absorção de nutrientes
A inflamação no intestino delgado da pessoa com Doença de Crohn pode interferir na absorção de nutrientes, o que é chamado de má absorção.
Aminoácidos (das proteínas), ácidos graxos (das gorduras), açúcares (dos carboidratos), vitaminas e minerais são absorvidos principalmente nas duas últimas partes do intestino delgado (jejuno e íleo).
O grau de má absorção depende de quanto o intestino delgado foi afetado pela Doença de Crohn, se ela está ativa e se alguma porção do intestino foi removida cirurgicamente.
Geralmente, a má absorção e as deficiências de nutrientes tendem a ser mais significativas se maiores partes do intestino delgado estão inflamadas ou foram removidas cirurgicamente.
Se uma porção significativa do íleo está inflamada ou foi removida, a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e vitamina B12 provavelmente será afetada.
Os ácidos biliares ou sais biliares (responsáveis por ajudar a absorver gorduras e dar a cor marrom às fezes) também podem ser mal absorvidos se o íleo estiver inflamado ou tiver sido removido. Isso pode fazer com que o excesso de sais biliares seja transportado para o cólon, onde causarão aumento da secreção de fluido no cólon e diarreia aquosa.
Se uma parte maior do íleo é afetada, pode ocorrer má absorção de ácidos graxos, o que resulta em cólicas abdominais, diarreia, má absorção de vitaminas lipossolúveis e perda de peso.
Recomendações na Doença de Crohn
A maioria dos doentes, quando entra em remissão, leva uma vida praticamente normal. Algumas medidas simples podem ajudar a prevenir as crises:
- Não fumar;
- Praticar atividade física;
- Prestar atenção nos alimentos que desencadeiam os sintomas, e procurar retirá-los da dieta;
- Controlar o peso;
- Evitar o estresse;
- Acompanhamento nutricional;
- Acompanhar o aspecto das fezes;
O tratamento deve ser feito em etapas. Existe um sistema de mensuração da atividade da doença baseado no número de evacuações, dor abdominal, indisposição geral, ocorrência de fístulas e de manifestações patológicas à distância, que permite classificar a doença em leve, moderada ou grave. Se a doença é leve, o clínico apenas acompanha a evolução do paciente.
Toda a terapêutica, porém, se volta para reprimir o processo inflamatório desregulado. Os medicamentos disponíveis atualmente reduzem a inflamação e controlam os sintomas, mas não curam a doença.
A alimentação na Doença de Crohn
Na Doença de Crohn, o tratamento mais eficiente é uma dieta equilibrada, saudável, rica em nutrientes e de alto valor biológico.
Apesar de que a maioria das pessoas nao se preocuparem com a alimentação, a causa dessa doença pode estar nas suas escolhas, é fato que alimentos suaves e brandos agridem menos que os alimentos condimentados.
Embora seja uma enfermidade crônica, a Doença de Crohn não é considerada doença fatal. Quase todas as pessoas que padecem dessa enfermidade mantêm uma vida útil e produtiva, apesar de algumas delas necessitarem de hospitalização nos períodos de maior atividade da doença.
Entre os períodos de exacerbação da doença, a maioria dos pacientes sente-se bem e fica relativamente livre de sintomas, levando vida normal.
Optar por alimentos mais leves e naturais, sem condimentos ou frituras sempre é uma boa opção para a saúde, principalmente quando estamos nos referindo a doenças inflamatórias intestinais.
Todos os indivíduos com Doença de Crohn são sensíveis ao glúten e tem intolerância a ele por se tratar de uma proteína dificil digestão.
Essas pessoas também podem apresentar sintomas de inchaço abdominal e diarreia depois de comer alimentos que contêm glúten e se beneficiam em não consumi-los.
Manter um diário alimentar pode ajudar a determinar o efeito de alimentos com glúten sobre os sintomas da Doença de Crohn.
O acompanhamento nutricional na Doença de Crohn
É o ideal, para que este profissional possa indicar a dieta e alimentação mais adequada para o grau da doença do paciente. Dessa forma, é possível conviver com a doença de maneira mais tranquila e saudável.
As proteínas animais (peixe, carne bovina, porco, aves, ovos) contêm todos os aminoácidos essenciais. As fontes veganas de proteína não possuem todos os aminoácidos, mas podem ser consumidas em combinação para fornecer todas as proteínas necessárias.
É importante comer uma variedade de fontes de proteína para garantir que você consuma todos os aminoácidos necessários.
As pessoas com Doença de Crohn podem precisar comer quantidades aumentadas de proteína quando têm inflamação ou quando se recuperam dela. Coma peixe, especialmente os oleosos que contenham ácidos graxos do tipo ômega-3, como atum e salmão, mas não de cativeiro.
Suplementos também podem ser prescritos pelo nutricionista já que deficiências podem surgir (especialmente de cálcio, ferro, zinco, manganês, cobre, selênio, vitaminas D, B9 e B12).
Existem algumas evidências de que os ácidos graxos ômega-3 podem ser úteis na redução de recidivas na Doença de Crohn, devido ao seu efeito anti-inflamatório.
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